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Por que não sermos otimistas?

31 de agosto de 2017
Luciano Magalhães

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Há mais de meio século, o Pinus e o Eucalipto foram introduzidos no Brasil com objetivos específicos para a produção de madeira e fibra longa; e para produção de lenha, respectivamente. O acerto nessas escolhas revelou o potencial desses dois gêneros, o que motivou o desenvolvimento de estudos e conseqüentemente expressivas melhorias sobre todos os aspectos, com destaque para o aumento de produção.

 

O Brasil é hoje detentor dos maiores índices de produção florestal por unidade de área, o que infelizmente não pode ser traduzido como produtividade. Vale mencionar os ineficazes modelos estruturais do país, que muitas vezes mascaram os eficazes coeficientes técnicos, impactando negativamente os indicadores econômicos e financeiros dos agronegócios. Sem representatividade no âmbito político, o setor depende cada vez mais das iniciativas privadas.

 

Os ciclos de vida das empresas e dos produtos são duas variáveis, que requerem ações estratégicas para seu fortalecimento e perpetuação.

 

Os grandes consumidores de madeira do país – celulose, carvão vegetal e aglomerados - equacionaram-se através de plantios convencionais. Temos, hoje, o setor de celulose ocasionalmente com pequenos déficits regionais de suprimento e o de energia com excedentes, em função do ciclo de vida do ferro gusa no Brasil, por falta de competitividade desse no mercado internacional.

 

O mercado do carvão vegetal está praticamente nas mãos das siderúrgicas verticalizadas, em sua maioria autossuficientes em florestas plantadas, impactando negativamente o preço do carvão vegetal e consequentemente a queda no preço do m³ da lenha de eucalipto.

 

Estrategicamente, por que não planejar os plantios florestais visando multiprodutos? Trata-se de uma diferente visão da silvicultura: agregação de valor, via segmentação e diversificação de processos e consequentemente de serviços, produtos e mercados. Assim, ao falar de multiprodutos, referimos aos Sistemas Agroflorestais (SAFs), em mosaicos adequados a finalidades diversas.

 

Na tabela abaixo são apresentados resultados de três modalidades de projetos florestais: plantio convencional, convencional manejado e o silvipastoril.

 

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Tabela 1 – Indicadores econômicos para três modalidades de projetos florestais

 

Comparando os índices econômicos dessas diferentes modalidades de plantio, percebe-se a superioridade e maior atratividade do Silvipastoril. Esse modelo integrado atende às demandas de mercados regionais, que são consumidores de madeira para fins mais nobres, mas não exclui da carteira de potenciais clientes os produtores de celulose e energia.

 

Com isso, afirmamos que considerando o elevado potencial de produção de diversos sites brasileiros, não há motivo para desânimo do setor florestal, inclusive dos investidores independentes.

 

Isto porque, dependendo do mercado, a madeira pode ser destinada para energia ou para outros fins. O investidor, de olho nos diferentes mercados, pode decidir pela venda de toda ou parte da produção, visando o melhor negócio, no momento mais oportuno: 6/7 anos ou 10/11 anos de idade.

 

Durante toda a cadeia produtiva dos empreendimentos florestais - implantação, manutenções e colheita florestal - os custos das atividades são, em sua maioria, função de metros de sulco por hectare e do número de árvores nele contido.

 

Há de considerar ainda que os sistemas de plantio apresentam produções equivalentes em m³ por hectare, mas os modelos integrados terão custos muito menores, devido ao menor número de linhas e plantas por hectare, sendo, portanto, mais competitivos. Este ponto de equilíbrio, ou seja, a densidade do povoamento, já é conhecido e determinado por aqueles que dominam a tecnologia dos sistemas integrados (SAFs). Soma-se ainda aos ganhos com o componente florestal, os ganhos a curto e médio prazos advindos do(s) elemento(s) integrado(s) à floresta: agricultura e/ou animais.

 

Esta diversificação e agregação de valor ao produto madeira torna o agronegócio mais competitivo e permite a superação, pelo menos em parte, das dificuldades do "custo Brasil. Valoriza-se assim a inovação e a criatividade: dois relevantes fatores de sucesso e sustentabilidade para os projetos agroflorestais.

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